Lá estava Carlos, de novo no consultório do detetive Louis. Só que, desta vez, ele ganharia o resultado que mudaria sua vida para pior ou para melhor.
À dois meses, ele suspeitava que sua mulher o traia... Isso o corroia por dentro e por fora. A dúvida o fazia questionar sua própria sanidade. O medo o tornara inseguro sobre seu futuro. E a fúria o fazia sentir um desejo monstruosamente sedento de sangue por sua esposa, a mulher que pisava com prazer em seu coração, e pelo homem que ousara roubar-lhe seu bem mais precioso.
Seus dias ficaram mais demorados à medida que a desconfiança crescia. Noites de sono ele perdeu. Horas e horas de raciocínio ele se via obrigado a ter. Rezar, uma coisa que ele nunca havia feito, uma coisa que ele começou a fazer com frequência. Mas, por incrível que pareça, ele não pedia o amor de sua esposa, ele pedia paz. Sua sanidade corria pelo tempo e ele nada conseguia fazer para detê-la.
À medida que os segundos se passavam, a ansiedade de Carlos se tornava insuportável. A dúvida fazia seu corpo sentir calafrios e sua cabeça latejar de dor.Sua mente já não funcionava com clareza à tempos. Tudo o que sentia ou pensava era na maldita desconfiança.
Dez minutos se passaram e a secretária de Louis, uma que se insinuava com descaramento para Carlos, chamou-lhe a atenção.
- Sr. Carlos, o detetive Louis está à sua espera – disse ela, sorrindo de modo sensual.
- Que ótimo! – exclamou Carlos, aliviado pelo fato de que a desconfiança acabaria.
A secretária abriu mais o enorme decote de seu vestido vermelho, sorriu largamente e disse:
- Qualquer coisa, você pode procurar-me...
- Com certeza, procurarei... – respondeu Carlos, sorrindo calorosamente para a secretária que estava corando e com o coração acelerado demais para responder-lhe à altura.
Carlos seguiu para a sala do detetive quase correndo e, quando chegou a sala, hesitou um pouco na hora de entrar.
Ele pensou na hipótese de ela não o estar traindo. E se ele estivesse sendo injusto com ela? Ela o perdoaria por tal coisa? Sentiria-se magoada? Ele sabia que a mulher provavelmente ficaria muito chateada com ele, mesmo se o traísse, pois ela teria sido vigiada por uma pessoa que nunca havia visto e nem ao menos desconfiou de algo.
Ele conseguiu calar qualquer dúvida e então, finalmente, entrou na sala do detetive.
O detetive o esperava com uma expressão cautelosa.
- Sr. Carlos... – começou o detetive.
- Apenas, diga! Sem rodeios! Por favor! – sussurrou Carlos.
- Sinto muito... – disse o detetive, entregando uma pastinha verde para Carlos.
Carlos abriu a pasta e viu seu pesadelo tornar-se material.
Na pasta continha fotos de sua esposa e um amigo de seu trabalho comendo juntos em um restaurante que ele mesmo já havia frequentado com ela, andando de mãos dadas, se tocando trocando carícias, se beijando... Tudo o que eles faziam, só que com mais emoção... Talvez, pelo fato de tudo ser às escondidas... Algo secreto...
Carlos não sabia se matava os dois ou se simplesmente se divorciava e tomava sua parte do dinheiro ou se fugia pelo mundo à procura de diversão.
Mais dois segundos olhando as fotos e ele já sabia o que fazer.
- Obrigado pelo serviço – disse Carlos, entregando um bolo de dinheiro para o detetive.
- Sr. Carlos... – tentou argumentar o detetive.
- Não precisa dizer mais nada. Você já me abriu os olhos, não precisa tentar me confortar ou qualquer outra coisa. Já sei o que farei... – disse Carlos, entregando a pasta juntamente com sua aliança a Louis.
- Por favor, não faça nenhuma besteira... – disse o detetive.
- Não farei besteiras... Já decidi meu destino e não deixarei nada atrapalhar.
- Bom, já vi que a única coisa que posso lhe dizer é para que tenha juízo.
- Terei – disse Carlos, saindo da sala e caminhando em direção a secretária.
A secretária quando viu Carlos sorriu largamente e ele a imitou.
- Quer dar uma volta? – perguntou Carlos, galanteador.
- Só se for agora, bonitão.
E então, saíram do escritório e partiram à procura de diversão.
Carlos sofreria, mas não seria sozinho.
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