Blog de Patrícia

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domingo, 26 de dezembro de 2010

O Cavalheiro Abusado E A Dama Delicada

O romance de Caroline e Marcelo começou em um simples festival de final de ano da cidade. Caroline estava sentada no canto do salão junto com sua dama de companhia, Helena, e Marcelo ria com seu irmão e seus companheiros de farra. Os dois viviam em mundos diferentes: Caroline criada com tal delicadeza que até mesmo as moças da alta sociedade lhe achavam estranha; Marcelo um rapaz irresponsável e galanteador ao ponto de conquistar até as anciãs. Como eu disse, complemente indistintos. Mas... Quando Marcelo fitou os olhos verdes de Caroline e a mesma fitou os olhos castanhos de Marcelo... Um amor platônico cresceu entre os dois no mesmo segundo.

Caroline tentou ignorar virando seu rosto, já Marcelo esperou Caroline ir buscar algo para comer e praticamente correu para pedir-lhe uma dança.

- Aceita dançar comigo esta e todas as outras músicas, senhorita? – convidou Marcelo, curvando-se como um garboso cavalheiro e sorrindo sedutoramente.

- Não aceito, cavalheiro. Talvez em outra ocasião.

- Não aceito não como resposta, senhorita... Alias, como é o nome da minha futura esposa?

- Ora, que atrevimento de sua parte Sr. Não sei o nome!

- Só estou lhe dizendo um fato... Vai me dizer seu nome, graça de senhorita?

- Meu nome não lhe interessa!

- Se não me interessasse eu não estaria lhe perguntando, senhorita.

- Meu nome é Caroline, feliz? E o seu, rapaz?

- Meu nome é Marcelo. Prazer em conhece-la, futura esposa.

- Abusado!

- Apenas louco de amores pela senhorita...

- Insolente!

Caroline foi até sua dama de companhia que estava a conversar com uma

fofoqueira da cidade e praticamente implorou que fossem para casa.

À partir daí, Marcelo começou a corteja-la, mandando buquês de flores, doces e até

mesmo jóias. Marcelo mandava bilhetes declarando sua paixão por Caroline através de seus criados que davam tudo para Helena entregar a Caroline.

Mesmo relutando em admitir, Caroline se via cada vez mais apaixonada por

Marcelo. Caroline passou a sonhar com ele e imaginar sua vida se chegasse mesmo a casar com seu abusado e belo pretendente.

O pai de Caroline, quando soube quem era o secreto pretendente, foi até a casa de

Marcelo e disse para ele que, se continuasse a cortejar sua filha, ele iria mata-lo. A rixa entre suas família era de muito tempo antes do casal nascer. Ao que parecia, porque o tataravô de Marcelo, Afonso, havia matado o tataravô de Caroline, Leopoldo, pois suspeitava que ele e sua mulher, Tereza, tinham um caso. Daí, nenhuma das famílias se falava.

Assim que soube, Caroline pediu para que Helena e os criados de Marcelo arranjassem um encontro às escondidas.

Já estava tudo marcado. Eles se encontrariam atrás de uma igreja em ruínas que ficava perto da casa de Caroline ao anoitecer.

Caroline e Marcelo estavam ansiosos pelo encontro. Os dois queriam estar perfeitos um para o outro. Então, Caroline resolveu que usaria um vestido vermelho com um decote V e deixaria seus cabelos louros presos em um coque. Marcelo usaria um terno preto e deixaria seus cabelos curtos e pretos para trás. Os dois estavam belíssimos.

Quando anoiteceu, Caroline ficou surpresa e extremamente alegre quando foi ao encontro de seu pretendente abusado e encantador e viu que ele já a esperava ansioso.

- Pensei que não viria, minha dama. Prazer em revê-la, Caroline – disse Marcelo, sorrindo por ela ter ido de fato ao seu encontro.

- Não tenho prazer algum em rever você, cavalheiro insuportável! – disse Caroline, tentando esconder a alegria, mas sem conseguir, pois seus olhos brilhavam demais.

- Ah, não? Então, porque marcamos este encontro? – perguntou Marcelo, encantadoramente petulante.

- Eu marquei este encontro, para poder lhe dizer para parar de me cortejar...

- Seu pai já fez isso...

- Sei que fez, mas acredito que as palavras dele, nenhum efeito fizeram em sua cabeça petulante e ignorante.

- Não, não fizeram e nem as suas farão, pois eu sei que a senhorita me quer tanto quanto eu a quero... – sussurrou Marcelo, aproximando-se de Caroline com um sorriso tentador.

- Poderia até mesmo te querer, mas nossa família tem uma rixa...

- Uma rixa que estou proto para quebrar...

- Escute, eu não quero nada com você, então, por favor, pare de me mandar coisas e me aborrecer! – disse Caroline, afastando-se.

- Não farei nada que a minha mulher não quiser – disse Marcelo, tomando-a nos braços fortes e habilidosos.

Caroline tentou resistir, mas seu desejo por Marcelo gritava alto demais para ser

ignorado, então, ela simplesmente se entregou ao homem que amava.

Qualquer do amor que um sentia pelo outro acabou no primeiro beijo. À medida que

se tocavam, o desejo queimava como uma chama por mais e mais. Caindo nos beijos e abraços uns dos outros, eles percebiam a importância que um tinha para o outro. No eterno calor da paixão de um casal recém-formado eles se viam perdidos.

Caroline ria de prazer, enquanto, Marcelo explorava seu corpo e alma com desejo e paixão.

- Eu te amo... – sussurrou Marcelo, sorrindo com um tolo apaixonado para Caroline.

- Eu também te amo, meu cavalheiro – sussurrou Caroline, lhe devolvendo o sorriso.

E assim passaram a noite... Trocando beijos, carícias, sussurros e se amando, mas

parecia que nunca acabaria a paixão entre eles, pois nenhum se saciava com o que já tinha acontecido, eles queriam mais, muito mais um do outro.

Ao amanhecer, Caroline, que estava antes dormia nos braços de Marcelo, levantou-

se, vestiu-se, deu um selinho em seu amado e foi correndo para sua casa.

Quando Caroline chegou em casa, ninguém tinha acordado ainda, então, ela foi

para seu quarto pisando cuidadosamente no chão e, chegando ao seu quarto, abriu a porta com grande lentidão e cuidado.

Caroline não acreditava que havia passado a noite no calor dos braços de seu

amado. Ela se lembrava de tudo, mas havia sido tudo tão perfeito quanto um sonho. Os sonhos que andara tendo com ele se realizaram todos em uma única noite, mas ela sentia todo o corpo dela pedir mais e mais. Ela nunca se sentiria satisfeita. Ela chegou a conclusão de que estava viciada por Marcelo... Será que ele correspondia? Isso a preocupava.

Pensando nisso, ela adormeceu.

Quando Marcelo acordou, ele ficou triste e enraivecido, pois sua amada não o esperava, mas, quando a compreensão veio, a felicidade o tomou. Ele se sentia feliz por ter compartilhado aquela noite incrível com Caroline. Ele pensava nela e sentia amor, paixão e desejo. Coisas que nunca havia sentido por mulher alguma antes.

Enquanto se trocava, sentiu um enorme vazio. Parecia que lhe faltava um pedaço de si, seu coração. Ele percebeu que o que lhe faltava era Caroline, a mulher para quem lhe entregara por completo.

Marcelo partiu ciente de que precisava de Caroline, mas se perguntando se ela se sentia do mesmo jeito em relação a ele.

Depois de dois dias sem ao menos um sinal de Marcelo, Caroline achava que Marcelo não a queria mais, que só a quis como um passatempo, para se divertir uma única noite. Caroline se condenava por ter sido tão fácil e ingênua ao ter se entregado para um cafajeste igual a qualquer um.

Mas ele disse que a amava, não disse? Ela não conseguia parar de pensar em seu cavalheiro abusado e galanteador.

De noite, sentada na cadeira de balanço da varanda de seu quarto, Caroline sentiu uma pedrinha lhe acertar.

Vendo quem era o dono da pedrinha, seu coração quase saltou pela boca de tanta felicidade. Sorriu largamente e sussurrou para o cavalheiro:

- Não poderia ser mais gentil?

- Desculpe, minha dama delicada. A ansiedade de estar ao seu lado á tanta, que não consigo raciocinar direito – sussurrou Marcelo, sorrindo de maneira sensual para Caroline.

- Ora, isto você não consegue em data alguma, Marcelo!

- Boba! Saia logo daí, para eu poder subir!

Tomada pela ansiedade, Caroline saiu da varanda e deitou-se em sua cama a espera

de seu amor.

Marcelo subiu até o quarto de Caroline com ansiedade e agilidade.

- Boa noite, cavalheiro abusado! – disse Caroline, sentando-se um pouco em sua cama.

- Nem tente me seduzir agora, mulher, pois precisamos conversar – disse Marcelo, com certa agonia em sua voz.

- O que foi, Marcelo? – perguntou Caroline, sentando-se na cama – Sente-se, por favor.

Marcelo sentou-se na cama o mais distante de Caroline e então, começou a falar:

- Sabe, Caroline, desde a festa eu me apaixonei por você, mas depois que fizemos amor, eu estou realmente louco por você. Eu te amo e, com a rixa que nossa família possui, nós poderíamos fugir, nos casar e construir nossas vidas. O que acha? Você gostaria de ser minha mulher?

Caroline estava sem palavras para aquilo tudo, por isso, a única coisa que fez foi encara-lo.

Os minutos se passavam e a paciência de Marcelo se esgotava.

- Caroline, amor, diga alguma coisa, sim? Por favor! – disse Marcelo, em desespero.

- Eu acho perfeito! Eu aceito ser sua mulher! – disse Caroline, pulando no colo de Marcelo e o beijando intensamente.

- Calma, precisamos acertar a fuga – disse Marcelo, separando-se com relutância do beijo de Caroline.

- Já? Podemos viver assim por mais...

- Não, não podemos. Eu quero poder sair com você sem medo de levar um tiro – disse Marcelo, sorrindo um pouco.

- Bom, podemos fugir amanhã à noite...

- Você pega seus pertences e eu venho te buscar...

- Exatamente, daí nós poderíamos ir para outra cidade...

- Outro estado...

- Bom, nós vemos para onde vamos amanhã à noite. No trem que vai para fora da cidade, sim?

- Sim – disse Marcelo, arrastando-a para mais um beijo.

E então, os dois passaram a noite inteira se beijando.

De manhã, Caroline e Marcelo dormiam abraçados. O sol já brilhava no céu e os

criados já trabalhavam.

- Bom dia, meu amor – disse Marcelo, sorrindo largamente.

- Bom dia, meu cavalheiro abusado – disse Caroline, respondendo com um sorriso.

- Você é tão linda de manhã... – disse Marcelo, encantado com a beleza de sua futura esposa.

- De manhã? Marcelo, você precisa ir! Imagine se meu pai te pega aqui! – sibilou Caroline.

- Sou bom em fugas...

- E eu não duvido, mas agora você precisa ir, pois eu preciso ir tomar o café da manhã com papai.

- Tudo bem, eu vou, mas à noite eu volto – disse Marcelo, levantando-se e dando um beijo em Caroline.

- Tudo bem.

Os dois se trocaram se despediram e seguiram seus caminhos.

O dia foi longo para os dois. Os segundos pareciam se arrastar e a ansiedade de

poderem estar juntos e se tocarem quando tiverem vontade era quase insuportável.

Enfim, quando a noite chegou, Caroline esperava Marcelo com uma única mala,

pois decidiu que seria muito melhor para a fuga se não tivessem que carregar muitas coisas. Marcelo deixou sua mala escondida atrás do prédio da estação de trem para facilitara as coisas e partiu em busca de sua amada.

Quando deu oito e meia da noite, Marcelo jogou algumas pedrinhas na varanda de Caroline e ela correu para o seu amado. Caroline jogou sua mala para Marcelo e ele a colocou no chão. Depois, Caroline desceu segurando-se em algumas flores que cresciam nas paredes da casa e foi para os braços de seu amado.

Marcelo e Caroline deram um selinho rápido, pegaram a mala, correram para fora da propriedade e então foram para a estação de trem.

Marcelo e Caroline chegaram na estação de trem ofegantes e ansiosos com o futuro que os esperava. Caroline segurava a mão de Marcelo com força e o mesmo ria por dentro por estar fugindo com a dona de seu coração.

Entrando no trem, Marcelo olhou para Caroline e disse:

- Pronta para ser minha mulher por todo o sempre?

- Se não estivesse eu não estaria aqui, não é? – retrucou, rindo.

Eles se beijaram e foram construir suas vidas entrelaçadas eternamente uma a

outra.

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